Eu tinha acabado de receber um diagnóstico esquisito: a médica tinha dito que o nódulo visível a olho nu não existia. E eu, assombrada pela experiência de câncer da minha mãe, precisava de uma segunda opinião. Me indicaram o Dr Afrânio, e não foi bem um caso de amor à primeira vista.

 

Até porque logo percebi que ele não estava muito otimista com as possibilidades do meu primeiro exame. A previsão ruim foi confirmada pela biópsia e seguida por uma nova cirurgia, com a perda de um quadrante do seio direito.

 

A confiança ainda custou um pouco a se estabelecer, afinal eu não vinha de uma boa experiência médica. Mas, se por um lado eu começava uma dura jornada pra continuar vivendo, por outro lado, ganhei tudo de melhor que podia esperar de um médico: humanidade, sensibilidade e sempre muito ânimo frente a minhas incertezas. 

 

Depois de 20 anos, agradeço ao Afrânio por sempre ter uma atitude de acolhimento. Talvez todo o seu conhecimento não surtisse tanto efeito se ele não enxergasse em cada paciente uma pessoa, com todas as suas belezas e dificuldades. Antes de tudo, ele é um bom ser humano. E hoje, um grande amigo.

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Consuelo

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